O livro Uncommon Ground (Terreno incomum, ou em Terrenos Estranhos) de John Inazu e Tim Keller adicionaram algumas aplicações à mensagem de domingo, sobre como refletir a Luz na escuridão numa sociedade tão polarizada. Gostaria de compartilhar com vocês alguns dos tópicos para refletirmos.
Comecemos como uma alusão: Lembrem-se da Lua.
Com todo seu brilho, beleza e propósito ela não tem luz. Num olhar mais atento à lua, perceberemos que ela aponta para o majestoso sol. O brilho da lua é apenas um reflexo do sol. Pensar assim, traz segurança e nos leva a viver tranquilos com nosso propósito: Viver refletindo a Luz de Jesus, que brilha em nós para iluminar a cruz e para a iluminação das necessidades dos outros. Ou seja, primeiro precisamos reconhecer que NÃO somos luz. E aí então seguirmos com nosso verdadeiro propósito de sermos iluminados por Aquele que é a verdadeira Luz, e aí então, iluminar/preparar o caminho para outros (ver João 1:6-9).
Essa tem sido uma era muito difícil, frágil e de relacionamentos quebrados por políticas, ideologias, exageros e omissões. Logo, como testemunhar essa Luz? Veja 7 pontos abaixo:
1. Vida devocional.
Mergulhe na prática da leitura diária, na oração e na vida relacional. Entenda a forma como a Luz/Sabedoria se tornou carne (Jesus) e viveu entre nós. Ela saiu da impessoalidade e vivenciou as questões humanas. Quanto mais você mergulhar, mais você será inundado pelo Santo Espírito, permitindo que a Luz possa refletir melhor.
2. Preste mais atenção às suas palavras.
Pare de dizer que você está vivendo em um país “pós-cristão” ou que você é a “nova minoria”. Essas afirmações geram antagonismo em vez de empatia. Da mesma forma, tome cuidado ao descrever os outros. Invocar tropas como “guerreiros da justiça social” ou “a agenda gay” é assumir para si justamente os mesmos tipos de estereótipos que você não quer que as pessoas usem contra você. Além de ignorar o mandamento de amar os outros e tratá-los como portadores de imagens individuais. Por todos os meios, fale a verdade e critique os argumentos ruins e as políticas injustas. Mas não se contente com generalidades preguiçosas e ataques ad hominem.
3. Diversifique suas redes pessoais.
Salte as barreiras ideológicas, culturais, raciais e econômicas. Alguns de vocês precisarão se arriscar a encontrar sua primeira amizade inter-racial/cultural. Isso pode significar ir à espaços e instituições diferentes para aprender e experimentar o desconforto de uma linha de base cultural que não é a sua. Você também deve diversificar a liderança de suas instituições. Quem está na sala determina quais perguntas serão feitas, e as instituições evangélicas padronizadas culturalmente não escaparão de sua insularidade sem maior diversidade racial e cultural nos círculos de poder.
4. Apareça e assuma riscos.
Se você quer ser conhecido como um povo pró-vida, defenda todas as fases da vida. Fale abertamente sobre políticas desumanizantes e de separação de famílias, descaso aos pobres, centros de detenção de imigração e encarceramento em massa, com o mesmo fervor que você tem pela liberdade religiosa e oposição ao aborto. Arrisque relacionamentos incertos e confusos com seus vizinhos para ajudar a reparar o tecido social. Saia de sua zona de conforto e faça parceria em causas comuns com cristãos progressistas e tradicionais, com pessoas de outras religiões e com descrentes. Defenda os direitos humanos dos “sem fé”. Levante-se contra o bullying dos LGBT. Procure oportunidades de buscar aconselhamento e promover mulheres, em vez de evitá-las por causa da regra de Billy Graham ou da regra de Mike Pence. Saiba que, nenhuma dessas oportunidades ameaçam sua fé. Mas todas elas exigem repensar os pressupostos que vêm da insularidade cultural, racial e relacional.
5. Procure a humildade
Somos salvos pela fé e não pela razão. Neste afã de ganhar a razão perdemos o coração, nos tornamos extremistas e fatalistas. No desejo de ganhar o coração, abrimos mão da razão e nos tornamos relativistas. Para lidar com essa tensão, a humildade – juntamente com a graça e a verdade – traz equilíbrio e torna tudo mais saudável. Discordar, amar e ajudar é humildade. Os valores inegociáveis são os valores bíblicos. Agora pensem nos negociáveis. Se pratica o item 1 você não perderá sua identidade.
6. Paciência nesta era significa: “ouvir, compreender e fazer boas perguntas” (Tim Keller).
Paciência é uma forma de esperança. Se confiamos e sabemos que Deus triunfará, haverá justiça e todas as lágrimas serão enxugadas. Por que então ser impaciente? A paciência é uma função da esperança cristã e a humildade é uma derivada da fé cristã. Paciência e perseverança devem ser sua marca neste tempo.
7. Seja tolerante.
A tolerância é uma função do amor cristão. Não significa que você seja um relativista sobre suas opiniões. Tolerância não significa que se deve dizer à outra pessoa: “Bem, você não está errado ou está parcialmente certo”. Você pode dizer: “Você está muito errado e seus pontos de vista são flagrantes, malignos e ofensivos” e ainda posso ser tolerante ao estender a mão. É uma demonstração de compaixão porque você entende que essa é uma pessoa criada por Deus, não apenas um objeto. Ao fazer isto, você pode levar a Luz aos caminhos obscuros desta era. Verdade e amor são indivorciáveis.
Por fim, lembrem-se: Se alguém estiver afogando em sua obscuridade não dê lição de moral. Estendas as mãos. Tire do lugar e depois converse as doces e duras verdades do evangelho. Porém sem recolher a mão. Depois, a encaminhe ou esteja com ela no próximo passo.
Que Deus nos ajude!