A Vida passa Rápido: o que fazer?
Breve estudo do capítulo 4 de Tiago
Baseado na mensagem pregada dia 01/08/21
Ouçam agora, vocês que dizem: “Hoje ou amanhã iremos para esta ou aquela cidade, passaremos um ano ali, faremos negócios e ganharemos dinheiro”. Vocês nem sabem o que lhes acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa. Ao invés disso, deveriam dizer: “Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo”.
Agora, porém, vocês se vangloriam das suas pretensões. Toda vanglória como essa é maligna.
Pensem nisto, pois: Quem sabe que deve fazer o bem e não o faz, comete pecado.
Panorama no capítulo 4 de Tiago:
Tiago começa a endereçar os ensinamentos aos mais abastados financeiramente. Alguns judeus já haviam assassinado alguns aristocratas, de acordo com o historiador Flávio Josefo. Um sentimento de revolta, a eminente destruição do templo judeu pelos romanos, a opressão sofrida, a igreja de Jerusalém em dificuldades internas quanto a prática da fé marca este cenário. Claro, com o trauma do passado, o presente atribulado e o medo do futuro, a vontade de viver de qualquer forma e obter sucesso seria considerado comum a qualquer pessoa.
Algumas premissas para nossa reflexão:
- Já sabíamos, mas o Covid-19 gritou isso ao mundo sobre a brevidade da vida. Não precisamos de um tipo de guerra romana;
- Planejar não é pecado. (PROVÉRBIOS 16: 1-4);
- Empreender não é pecado. É mandato. (PROVÉRBIOS 14:23)
Podemos, com isso pensar como os pensadores da Administração:
“Planejamento de longo prazo não lida com decisões futuras, mas com um futuro de decisões presentes”.
(PETER DRUCKER)
O problema é que ante aos rumores de guerra e toda pressão por viver/sobreviver podem nos influenciar e leva-nos a más tomadas de decisões. A precipitação e o desejo egóico, talvez até natural de sobrevivência, podem revelar certas presunções, impaciência, medo e insubmissão a Deus.
Por isso preferimos pedir a aprovação das decisões já pensadas, do que perguntar “quais são as decisões dentro do grande plano da Missão de Deus e o que Ele desejaria de nós para isso?”.
Tal pergunta não feita pode gerar medo. “Vai que Ele mude tudo?”, “Vai que Ele refaça tudo?”, “Vai que Ele diga não?”, “Vai que Ele diga que nossos sonhos estão errados?”, “Vai que Ele diga que todos os nossos esforços não eram necessários?”…
Desmoronaríamos, com certeza.
Por isso, concordo com John Piper quando ele diz que: “Toda oração tem uma resposta premeditada”. Em outras palavras: Todo sonho, todo plano, todo desejo carrega uma resposta “superpositiva” aos nossos moldes, sejam elas de forma inconsciente ou consciente. Assim, preferimos consultar Deus como validador de planos e executor deles do que o Engenheiro, Arquiteto, Escritor, Produtor, e claro, como Dono dos planos.
Aqui refletiremos sobre apenas 3 alertas, a despeito deste cenário.
1. Cuidado com a presunção – (versos 13 e 15)
Tiago alertaria sobre a vontade de sair fazendo planos a qualquer custo e de qualquer jeito, sem consultar e submeter a Deus.“Não se gabe do dia de amanhã, pois você não sabe o que este ou aquele dia poderá trazer.” (PROVÉRBIOS 27:1)
Presunção não precisa de fatos. Apenas uma ideação. A presunção nos deixa orgulhosos e “falsos mestres” com base em fantasia. O anseio exacerbado, temperado com o medo do amanhã e a fantasia da satisfação do sucesso imediato podem nos tornar presunçosos e não confiantes.
A vida não gira em torno de nós.A confiança real, por sua vez, nos deixa seguros e aprendizes, pois ela tem sua base na verdade. Isso é confiança. Neste caso a verdade é o amor do autor do plano de nossas vidas sobre nós, por causa de Jesus. Toda confiança exige lastro, neste caso do amor o lastro é Jesus. Valor real, não-especulável, invariável e incalculável.
Logo, confiança é diferente de Presunção. A confiança vem do acreditar que a vida é navegável e que o Cartógrafo, a Bússola, o Vento, a Maré, as Armação das velas, o Timão, o Capitão e o próprio Barco (veículo que navega sob um curso) é o próprio Deus em sua trindade. Somos os tripulantes que confiam na qualidade e na veracidade de tudo. Isso nos torna humildes, tranquilos e confiantes viajantes.
“Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver. O mar não é um obstáculo: é um caminho”.
(AMYR KLINK)
Perguntas para Reflexão:
Somos mais presunçosos ou mais confiantes?
Qual é o nosso lastro?
Você pergunta antes ou depois de ter feito um plano?
Em que momento não somos tripulantes?
2. A vida é breve. (verso 14)
Tiago avisará que a vida passa bem rápido. É melhor confiar do que arriscar às cegas.“O tempo não para” (Cazuza) é verdade, mas não é um convite para a esbórnia (Hedonismo – Aristipo de Cirene) e nem a repressão das vontades de arriscar (Estoicismo – Epicteto & Sêneca).
A proposta do evangelho, sabendo que a vida é ‘Vanitas’, Vaidade, Vazio (ECLESIASTES 1), é uma vida equilibrada no lastro do amor recebido por Deus. Sem excessos na procura da felicidade (Hedonismo) e cantado por SIA em Chandelier: “1, 2, 3 1, 2, 3 drink, Throw them back, till I lose count, I’m gonna swing from the chandelier, From the chandelier, I’m gonna live like tomorrow doesn’t exist” (em português, “1, 2, 3, 1, 2, 3 drink, bebo todas, até eu perder a conta, vou balançar no lustre, Do lustre, vou viver como se o amanhã não existisse”).
Ou mesmo como Ariana Grande em 7 rings: “If I like it, then that’s what I get, yeah I want it, I got it, I want it, I got it (yeah)” (em português, “Se eu gosto, é isso que eu ganho, sim, Eu quero, eu consigo, eu quero, eu consigo sim”).
Sem o pessimismo castrador por medo de arriscar e demonstrar sentimentos (Estoicismo) como poetizado por Carlos Drummond de Andrade em “A procura da poesia”: “Não dramatizes, não invoques, não indagues. Não percas tempo em mentir…Teu iate de marfim, teu sapato de diamante, vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável”.
No entanto, há uma tensão aqui: A tal da Insegurança e angústia (não saber o que fazer), ao saber que a vida é breve.
Como evito ser dominado por esta tensão sem ser levado aos extremos?
- Sabendo e relembrando que seu plano já foi traçado (Amar a Deus e ao próximo, proclamando o Reino de Jesus e fazendo discípulos). (ÊXODO 20 E MATEUS 28: 16-20);
- Compreendendo que tudo o que está inserido (família, estudos, trabalho, lazeres, traumas, sonhos, passado, presente, futuro e dores) é para cumprimento coletivo, natural e intencional do item 1;
- Confiando que sua vida está escrita por alguém que te ama incondicionalmente;
- Perguntando (orando) antes de qualquer ação;
- Planejando coisas em que:a) Jesus seja exaltado;b) Que a missão Dele seja cumprida em suas atividades;c) Os outros bons e divinos amores (famílias, amigos, lazeres, trabalho, causas etc.) não sejam seus lastros.
- Calculando os riscos;
- Assumindo responsabilidades;
- Perguntando novamente;
- Refazendo se for necessário.
Pergunta para reflexão:
Onde está seu coração sabendo que sua vida é vapor?
3. Hipoteque sua vida e não apenas entregue o plano feito por você para Aquele que fez você. (Verso 16)
“Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais Ele fará”. (SALMOS 37:5)Entrega no hebraico: Commit, Hipoteca.
Caminho: Não é plano (desejo planejado), mas sim o curso da vida.Evitar a presunção sabendo da vida que passa rápido exige orientação.
Nós desejamos isto: O saber como fazer.
O problema é que gostamos de ouvir aquilo que nos agrada; aquilo que pagamos e aqueles que elegemos como nossos “gurus”. Queremos até pagar Deus com sacrifícios religiosos para ter aquilo que tanto desejamos. Nem sempre o que desejamos “dá match” com a vontade divina. No entanto, urge em nosso coração a vontade de saber o que fazer ante ao medo da brevidade da vida.Porém, não conseguimos pagar Deus.
Ele não se torna nosso funcionário e prestador de serviços.Cristo, se torna o lastro, a moeda trocada e paga com sua vida, para que saibamos confiar nas noites escuras e frias e nos dias escaldantes da vida no deserto.Em Êxodo 13, no deserto, para evitar miragens de falsos oásis por causa da insolação e queimaduras da vida ao sol, uma coluna em nuvem aparecia e de noite uma coluna em fogo ia diante dos filhos de Israel para aquece-los e guiá-los.
Quando a coluna parava, eles acampavam, se parava cinco dias, eles acampavam cinco dias, quando a coluna se movia, eles se moviam. Havia sempre Cuidado e Orientação! Isso livrava o povo de presunções e dava confiança para seguir a diante.P or quê? Um dos símbolos era a presença de Deus entre eles. A mesa dos pães da proposição (pães da presença) mostrava que a glória de Deus estava lá.
Apenas os sacerdotes, comiam parte dos pães. Estes homens eram usados para guiar o povo e aconselhar os líderes nas tomadas de decisões.Alguns 1000 anos depois, Cristo se revelaria como o Pão Partido (LUCAS 22:19) e o Pão da Vida (JOAO 6:35), além de ser o Sumo-Sacerdote (HEBREUS 6:20).
Este pão não seria exclusividade dos “sacerdotes”, pois foi entregue a todos, por graça e misericórdia, por meio da fé. Assim, Cristo se torna o lastro da confiança que atrai a orientação divina para vida. Hoje, por causa de Cristo, ao crer que podemos hipotecar todo o curso da vida, poderemos nos aquecer nas noites solitárias e gélidas. Poderemos encontrar refresco na caminhada do sol escaldante desta breve vida que se vive no deserto. E claro, seremos livres das miragens que nos despertariam a fazer como os judeus que Tiago cita, correndo, fazendo negócios e mudando de cidades sem seguir a orientação submissa a Deus. Também, seremos livres do medo das noites escuras e da paralisia das noites gélidas.
Não liguemos se estivermos “num tal de deserto”. Isso foi chamado de forma errada, de forma pejorativa. Pois, é no deserto que vemos a glória de Jesus sendo a orientação que tanto desejamos para nossa vida.
Deste modo, nesta vida de brevidade:
- Peça discernimento para lidar com as possíveis miragens promotoras de sucesso rápido.
- Cuidado com a paralisia.
- A humildade nos faz viajantes que vibram com as descobertas.
- Abrace o plano de Deus e Sua vontade pois são melhores que as nossas. Ele sabe o fim e o meio. Mas, nem sempre são óbvias e acontecem tanto no simples quanto no paradoxo. No entanto, balizam e aquietam nossas tensões.
- Se inseguro, creia que há a graça da confiança real. Pois, o amor em Jesus é o lastro que você precisa para mover e não ficar parado.
- Se presunçoso, creia que há a graça da humildade para você parar um pouco e depender da “nuvem e da coluna de fogo que se move”. Assim, se moverá corretamente.Com estes conceitos e sem medo podemos orar como diz John Newton: “o que você quiser, quando quiser e como quiser” e, também, poderemos cantar com muita segurança ‘quebra minha vida e a faça de novo, eu quero ser, eu quero ser, um vaso novo. Como tu queres, Senhor amado Tu és o oleiro, e eu, (apenas) o vaso.